"História" é um termo que possui vários significados. Os siginificados básicos são três:
A confusão é entre o primeiro e o segundo dos significados enumerados. Segundo as regras ortográficas da lingua potuguesa vigentes no Brasil, os nomes das disciplinas devem ser escritos com inicial maúscula. Assim,, usaremos neste blog História para designar a disciplina (a História que fazem os historiadores, o conhecimento de uma matéria) e história para a história que que fazem os homens na sua prática social (a matéria daquele conhecimento).
Segundo o historador Marc Bloch, a história é a "ciência dos homens no tempo". Seria a história uma ciência?, se pergunta o historiador Ciro Flamion Cardoso. Bonito não? Mas o que isso siginfica? Essa pergunta, "o que é a história?", é objeto de reflexão de muitos profisionais que trabalham com história, não só historiadores, mas também filósofos. O campo que estuda essas perguntas é a teoria da história,e seus questinadores são chamados de filósofos da história. Essas perguntas são feitas há muito tempo, desde o século XIX, e ainda hoje continua suscitando dúvidas e perguntas na cabeça de muita gente, desde os profissionais que trabalham com história, até o estudante da 7ª série que se pergunta "Por-que-raios-eu-tenho-que-estudar-sobre-coisas-que-aconteceram-uma-época-que-eu-nem-tinha-nascido???".
Bem vou tentar explicar isso agora através da leitura que ifz de dois textos dos já citados historiadores Marc Bloch e Ciro Flamarion Cardoso.
A frase de Marc Boch que citei acima, é um bom ponto de partida. Com isso, ele quis dizer que a história investiga as ações dos homens através do tempo ou o estudo científico das sociedades humanas no tempo, e explicar as relações entre diferentes grupos, unindo passado e presente. Ora, mas por que ele disse isso? Por que são através dessas relações que a história se faz. Dizemos que o ser humano, o homem, é que constrói a história, e que por isso ele é um "sujeito histórico".
Um ponto de vista comum entre os leigos e entre os próprios historiadores é de que a História investiga o passado. Mas Marc Bloch, refuta isso, uma vez que segundo ele, "o pasado não é objeto da ciência". Ele critica a idéia que que o estudo da História sirva apenas para explicar, justificar ou condenar o presente ou o passado. Hoje o que é mais importante no estudo da História é compreender o presente através das ações dos homens no passado.
Muitos pesquisadores se perguntam se a história é uma ciência, como vimos na pergunta de Ciro Flamarion Cardoso. Para alguns cientistas e filósofos, principalmente os ligados ao neopositivismo, a História não é nem pode ser uma ciência. A crítica é a de que se a história é a ciência que estuda o passado, ela não pode ser uma ciência já que o passado não é um objeto conncreto. Outra crítica que se faz à história é a de que ela não se baseia em leis ou fórmulas, como nas ciências exatas. Nas ciências chamadas exatas, é possível provar algo com absolta certeza, diferente da história que se utiliza apenas de vestígios e teorias.
Paul Veyne diz o seguinte: "...a história é um conjunto de acontecimentos dos quais cada um é determinado, mas dos quais só alguns são objetos da ciência, e cuja totalidade é um caos que não é mais científico do que o conjunto dos fenômenos físico-químicos que se produzem durante um dado intervalo no interior de um perímetro determinado da superficie terrestre. A fronteira que separa a história da ciência não é a do contingente e do necessário, e sim a da totalidade e do necessário". Para Pau Veyne, o historiador poderá no máximo aspirar a atingir certas "zonas de cientificidade" em meio à caótica totalidade dos acontecimentos históricos.
Ciro. F. Cardoso diz que não há obstáculos para que a História possa ser uma ciência, e que segundo Pierre Villar, dizemos que a conquista do métodos científico em História ainda está se elaborando, e que portanto a História é uma ciência em construção. E como se diabos explica isso?? Vejamos:
A História é uma ciência em construção por que não se utiliza de verdades absolutas e porque não possui uma metodologia científica precisa e única. Ela é mais particular porque cada historiador utiliza métodos diferente para interpretar um fato histórico de acordo com suas idéias.
Cada fato histórico é único e irreversível. Duas guerras civis apesar de terem a mesma denominação não serão iguais pois ocorrem em lugares diferentes, envolvem pessoas diferentes, em épocas diferentes e idéias diferentes. Cada acontecimento histórico possui um contexto único.
A história é irreversível, assim como o tempo também o é. Não se pode voltar em uma determinada época e tentar mudá-la ou estudá-la, nem mesmo tentar reproduzí-la, pois isto envolve diferentes épocas. Uma eleição para presidente não será igual à seguintes, mesmo tendo o mesmo presidente eleito.
Os conceitos em história não podem ser definidos por que a história é hermenêutica, isto é, interpretativa. Cada historiador explicará seu conceito de acordo com a interpretação que ele fará de um determinado acontecimento histórico.
Fonte: CARDOSO, Ciro Flamarion S. Será a História uma ciência? In: Uma introdução à História. Editora Brasiliense 7ed. 1988, p. 8-45.
BLOCH Marc. Apologia da História ou o ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 7-67.